segunda-feira, 12 de julho de 2010

Dá para beber e ouvir a música

O mundo está muito barulhento. Isso todos sabemos. Mas as pessoas não páram de falar. São os famosas "sai daqui". Nome da música que escrevi e que agora Os Replicantes gravaram no seu mais novo álbum.
Você sai para tomar um drink para relaxar, entra num bar bacana que toca jazz baixinho, o espaço é legal. Mas aí começa a encher de gente e as pessoas falam alto, como se o espaço público sonoro pertencesse a vida particular de cada uma.
Você vai a um show num boteco, adoro boteco, balcão, bom som, está alí o Plauto Cruz - uma lenda do chorinho e da música brasileira, flautista maravilhoso que foi parceiro de Lupicínio e Elis Regina. O lugar é bacana, os temas finos - é flauta e piano - mas lá estão as pessoas reunidas que não sabem ouvir. Mas acham moderno frequentar espaços assim. É cult, mas sem profundidade. Vira um grande parque de diversão. Parecem crianças adultas ou adultos crianças.
Aí me lembrei de uma frase do escritor Assis Brasil e das teorias do rádio: "Escutar é diferente de ouvir".
Eu não sei o que aconteceu, mas quando tinha meus 20 poucos anos, gostava muito mais de sair à noite para ver shows, e havia uma cena em Porto Alegre de jazz e blues. Lugares como a Sala Jazz Tom Jobim, Blue Jazz, o Vermelho 23 (que ainda resiste). Quando os músicos davam seus primeiros acordes todo mundo silenciava e ouvia atentamente.
Mas agora tudo mudou..as pessoas não conseguem ficar em silêncio..não conseguem ter um olhar de contemplação, ou um ouvido atento. Uma mistura de neurose com falta de educação. É a ansiedade dos nossos dias ao extremo. São os valores invertidos, afinal música se consegue ouvir até no celular, e a música ao vivo não tem mais tanta importância, o set list equivale a mais uma rodada de chopp.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Fantaspoa traz belos longas de animação


Fantástico Mundo Animado mostra de longas de animação do FANTASPOA apresenta o melhor da produção e traz nove filmes, provindos de países como Espanha, França, Japão e EUA. O Cine Santander ficou lotado na última quarta-feira, dia 7, para assistir "Uma noite na cidade" que ganhou o prêmio de melhor longa-metragem no Anifest - Internacional Festival of Animated Films.
"Uma noite na cidade" da República Tcheca (foto) conta diversas histórias, que incluem as relações entre seres vivos - homens, vizinhos, plantas, animais e insetos. Os bonecos feitos de madeira, com os rostos arranhados trazem uma representação do tempo, da vida e da dor.
São várias estórias que se cruzam, da árvore que quer virar violão e tem como amigo um peixe, do vizinho-amante que trabalha numa empresa de cremação, do boêmio que frequenta um bordel onde todos são fantasmas, do viciado que cheira formigas. O desenho de som e a pesquisa sonora recriam sensações de suspense e irônia.
Se existe algum um movimento estético, da virada do século está no cinema de animação. Isso porque fantasia e realidade se cruzam, ok é ficção. Mas o lúdico, traduz personagens sempre irônicos e trágicos, é aí que se funda a idéia de arte. Não há espaço para o drama. Por isso os personagens são sempre inquietos e quase humanos.
"O Assassino de Montmartre" exibido dia 08, mostra a história de um homem que teve acesso as artes plásticas e que vira serial killer depois de conviver com sua mãe autoritária e seu chefe. Empregado numa fazenda para ser espantalho de corvos, ele tem como herança deixada pelo seu pai uma faca que torna-se sua parceira nas noites de Paris. Ao se encontar com a sra morte vai conhecer a vida como ela é, do amor aos sistemas totalitários. O cenário reproduz uma cidade tomada pelo lixo dos homens e suas pegadas materiais.
O Festival Internacional de Cinema Fantástico está em três salas de cinema a Pf. Gastal, Santander Cultural e Cine Bancários. E ainda tem muito filme bacana para ver.



O Sexto Fantaspoa acontece de 02 a 18 de julho.
Sessões a 5 reais.

Ver programação
http://www.fantaspoa.com/