segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Consumo cultural

O que afinal é arte e o que é consumo cultural? Nesses últimos 15 anos houve uma ampliação do entretenimento, o que antes era feito de forma ritualística, hoje é consumido via email, mp3, com tanta rapidez que não dá tempo de digerir as ofertas culturais. Ir ao cinema era uma celebração, ter um disco/cd da banda dos seus sonhos era uma magia, pois tudo demorava mais e o lazer se localizava no lugar do lazer.
O que aconteceu é que houve uma reorganização do campo cultural, estamos vivendo a cultura da imagem, a cultura do êfemero, uma cultura mais dinâmica. A novidade está na aceleração da cultura e nas transmissões diretas via cabos, satélites, que reformulou a dinâmica do consumo cultural.
Aquilo que se produz rápido, se consome rápido e vice-versa.
O problema da cultura está na rapidez e na simultaneidade. Não temos paciência quando nosso computador demora 1 minuto para abrir a página que queremos. Queremos tudo em 30 segundos, nossos problemas são resolvidos através das máquinas e suas conexões.
Mas o consumo tecnológico é desigual. Segundo a pesquisadora Beatriz Sarlo, vivemos numa globalização territorial. "Não está tudo globalizado, apenas algumas culturas prevalecem". A cultura está segmentada em nichos. E esses nichos são organizados em um menu cultural pela também elite cultural. "Os saberes culturais podem ser montados em casa", lembra.
Mas vejamos o consumo da música, temos 1 dezena , afinal os TOP 10 das rádios e Tvs, variam sempre entre os mesmos chatotoliks, que estão no centro do mainstream. Vivemos numa ilusão da diferenciação que se concentra no popular. Ao analisar os formadores culturais das décadas de 50 e 60 temos grandes artistas, a grande literatura como Gabriel Garcia Marques, importantes diretores de cinema como Bergman, músicos como Rogério Duprat. E me desculpe Adorno, mas o jazz é música para quem estudou música, com dramaticidade, harmonia, improvisação e, se ele ouvisse os Emos teria um chilique cultural, pois isso sim é que é música "ligeira" sem conteúdo. Apenas consumo, prestígio, dinheiro, rapto cultural. A arte está tão tranquila, os roteiros são tão óbvios, mas o mundo está numa situação tão caótico, enquanto a arte se encontra num vazio pleno, previsível. Precisamos de uma anti-arte, que enriqueça a arte e não um consumo cultural institucionalizado. Artistas de vanguarda ainda são os que mostram uma imagem do contemporâneo menos plástica e mais real. E não vamos confundir vanguarda com moderninhos de plantão.